segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Ano Novo!

Estamos em 2014 e teremos aqui no Emerge muitas novidades!
Hoje disponibilizo um pequeno texto que fiz ainda em 2013 a partir de um passeio que fizemos ao CCBB.
Espero que curtam!

ACONTECIMENTOS
- Oba!  Finalmente chegou o dia do passeio!
- Tia, cadê o ônibus?
- Ai, tá demorando muito...
- Chegou, chegou!O ônibus chegou!
“Rumamos para o Centro Cultural Banco do Brasil”. Objetivo: Exposição “Obsessão Infinita”. Um pouco de cultura e arte para os alunos das turmas 1302 e 1402. Chegamos ao CCBB, expectativas, surpresas, encantamento. Fomos recebidos por uma arte educadora que fez algumas perguntas e explicou o que iríamos ver e fazer.
Na primeira sala após uma conversa sobre a artista Yayoi Kusama os arte educadores propuseram que em duplas, as crianças escrevessem o que a forma geométrica círculo dizia para eles. A partir disso foi formada uma “rede” com barbante sustentando as palavras ditas. Amizade, carinho, universo, foram algumas das palavras com as quais as crianças expressaram tudo o que seria infinito para elas. Os alunos da 1302, lembraram que já havíamos feito uma atividade semelhante...
A turma 1302 iniciou a visita às salas com as obras de Kusama. O primeiro quadro, todo feito com bolinhas coloridas chamou a atenção deles, acharam bonito, diferente e enxergaram formas no emaranhado de bolinhas. Olharam com olhos de ver.
A ideia de fazer este relato surgiu a partir da visita à segunda sala. A sala dos quadros intitulados: “Redes Infinitas”.
A arte educadora sugeriu uma roda e que dessem as mãos aos colegas que estavam longe e tentassem alcançar com os pés tantos outros. Os comentários, permeados de risos, foram: “Nossa não consigo chegar até lá”; “Ai, vou cair!”; “Vai não, te seguro”. “Formamos uma escultura, uma rede humana...” Ao ouvir isso a arte educadora parabeniza-os pedindo que desmanchassem a obra que haviam acabado de fazer. Em meio às explicações sobre os quadros, rodeada de olhinhos curiosos, a arte educadora diz o que Kusama pensou ao idealizar os quadros:

- “Somos pequenos organismos que unidos formamos uma REDE, igual a que vocês fizeram agora”.
Então Marcelo me abraça e diz simplesmente: -"Ih tia igual a gente!”, fazendo uma conexão entre a escultura humana que haviam acabado de fazer e a atividade que fizemos na escola. Ou ainda me permito dizer, a nossa rede de conhecimentos e experiências vivenciadas todos os dias.
Quanto conhecimento essa simples afirmação encerra? Impossível de mensurar. Ver as crianças observando os quadros, fazendo perguntas, surpreendendo a arte educadora que os acompanhava, se inscrevendo no mundo de uma forma diferente. Realizando comparações, tomando para si a palavra dita, vivenciada, potencializada.
Visitávamos uma exposição de uma artista que apresenta um transtorno obsessivo compulsivo, que repete formas, e mora em uma clinica psiquiátrica! Loucura e arte caminhando juntas. E crianças totalmente desprovidas de preconceitos, descobrindo pessoas, formas, vida, sonhos, em obras nascidas de alucinações.
Questiono-me.

Não somos loucos obsessivos também quando investimos em estratégias de ação que transformem as experiências cotidianas em redes de significação?

Não somos loucos obsessivos também quando insistimos que todo conhecimento advindo da experiência nos potencializa, nos (auto-trans) forma, nos obriga, nos movimenta a pensar?
O que vivenciei no CCBB, extrapola qualquer teoria. Foi mais uma imprevisibilidade do cotidiano com a qual estamos sempre nos deparando. Foi um acontecimento vivido, prenhe de emoção que será sempre relembrado, sem limites, pois como nos diz Benjamim, “é apenas uma chave para tudo que veio antes e depois...”.

Gisele Silva





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